quinta-feira, dezembro 20, 2012


PARÁBOLA - RUBEM ALVES

Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões: 
Primeiro porque ele não vivia em gaiolas. Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque amava.
Segundo, porque sempre que voltava suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado.
Certa vez voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia:
Tenho de partir." 
A menina chorava e implorava: "Por favor, não vá, fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."
"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o Pássaro Encantado e você deixará de me amar."
E partia. A menina, sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o Passaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."
Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda. Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu.
A menina, aproveitando-se do seu sono, engaiolou-o. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.
"Ah! Menina...que é isso que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar.
Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar. Também a menina se entristeceu.
Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela disse." Volte quando você quiser..."
"Obrigado, menina", disse o Pássaro."Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você"!


quinta-feira, dezembro 06, 2012

Um Ser de Luz


João Nogueira

Um dia
Um ser de luz nasceu
Numa cidade do interior
E o menino Deus lhe abençoou
De manto branco ao se batizar
Se transformou num sabiá
Dona dos versos de um trovador
E a rainha do seu lugar
Sua voz então
Ao se espalhar
Corria chão
Cruzava o mar
Levada pelo ar
Onde chegava
Espantava a dor
Com a força do seu cantar

Mas aconteceu um dia
Foi que o menino Deus chamou
E ela foi pra cantar
Para além do luar
Onde moram as estrelas
A gente fica a lembrar
Vendo o céu clarear
Na esperança de Vê-la, sabiá

Sabiá
Que falta faz tua alegria
Sem você, meu canto agora é só
Melancolia
Canta, meu sabiá, voa, meu sabiá
Adeus, meu sabiá, até um dia

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Segue

Acorda menina, acorda! E pega as rédeas da sua vida. Acorda menina, acorda, e segue. Segue adiante, avante. Segue lutando, acreditando.

segunda-feira, dezembro 03, 2012

Correu...

O que fez? Por que fez?
Quando foi que se entregou, quando foi que entristeceu? Esqueceu!
Não achou data que correu, contou, perdeu, acabou.


Claudia Viana
03/12/2012